Igreja X Instituição

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Constantemente surgem grupos que fazem a crítica da igreja enquanto instituição. Dizem que quando esta se institucionaliza se torna fria, calculista, exploradora e perde da sua força comunitária original.

Sempre pode haver alguma razão nessas críticas, e algumas pessoas, por conta disso, abandonam a igreja organizada e procuram viver um evangelho "mais livre", reunindo-se em casas, parques e outros lugares.

Tal discussão não é nova na história da Igreja. A Reforma, por exemplo, foi tão mordaz ensinou que a verdadeira igreja era invisível, separando-a, em certo sentido, de sua expressividade histórica e material.

Hoje ninguém nega que todas as Igrejas oriundas da Reforma se institucionalizaram Os que não se organizaram, não sobreviveram. Mesmo os anabatistas, se estão hoje entre nós, devem ao fato dos menonitas terem se institucionalizado também.

Por tudo isso, entendo que, querer criar uma comunidade sem se institucionalizar é uma ilusão. Cedo ou tarde, se tal grupo quiser sobreviver, terá que se organizar, reconhecer uma liderança, um local de encontro, um fundo econômico, arrecadar dinheiro, abrir uma pessoa jurídica, etc. 


Dom Robinson Cavalcanti ensinou em “Cristianismo e Política” de que, sustentar um corpo sem liderança é pura ilusão herética. Tillich, em “A História do Pensamento Cristão”, demonstra que, os que lutam contra a instituição, deveriam pensar melhor, pois, tudo o que temos em termos teológicos, nos foi preservado e conservado por ela. Teríamos tantas cópias das Escrituras se durante tantos séculos os monges católicos não tivessem manualmente as copiado, dia após dia? Teríamos um cânon da Bíblia se a Igreja, pelo menos quatro séculos depois da sua existência, não tivesse tentado entrar em acordo do que seria ou não canônico? Teríamos sustentado um pouco da identidade cristã se os grandes concílios não repelissem o que consideraram ensino herético, como o arianismo, entre outros, por melhores ou piores que fossem as decisões advindas dali?

Portanto, nossos esforços não devem estar focados, a meu ver, no fim da instituição, mas em evitar que ela se torne um fim em si própria, e isso é um grande desafio. É trabalhar segundo a concepção de que a igreja existe por causa do homem, e não o homem por causa da instituição. É facilitar recursos humanos para o serviço do Corpo de Cristo. Afinal, se não houver odres fortes, o vinho se perde. Se não houver alguma organização, até os melhores esforços podem acabar não sobrevivendo ao teste do tempo.



É possível uma igreja não se institucionalizar

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