Tem um coração e serás salvo - sobre a oração hesicasta



"Ter um coração não é somente centrar-se numa parte do corpo, é uma certa maneira de ser, de ver, de respirar com o coração. O próprio do coração é tratar todas as coisas fraternalmente por tu, viver não num mundo de objetos, mas num mundo de presenças. A oração hesicasta tem como meta este despertar do coração, esta sensibilidade à presença de Deus em todas as coisas, e esta presença faz de todas as coisas não fenômenos no sentido comum deste termo, mas verdadeiras 'epifanias', manifestações do Deus inacessível. A oração de Gregório de Nazianzo exprime bem este estado do coração despertado quando diz: 'Ó Tu, o Além de Tudo'.

"Tu" - sensação de intimidade, de presença, e 'Além de Tudo', sentido de alteridade, da Otridade radical daquele ao qual ele se dirige. O coração reconhece o Desconhecido no próximo, e a proximidade do Além, sentido da Imanência e da Transcendência.

"Ter um coração é estar centrado, sair da dispersão do mental dos pensamentos que vão e vêm. O coração tem uma função de integração da personalidade - integrar a função vital e a função intelectual - daí esta experiência de 'fazer descer o intelecto ao coração', pacificá-lo, centrá-lo, fazer do coração o próprio órgão da consciência, uma consciência não raciocinante, mais intuitiva que analítica, percepção global dos seres e das coisas em seu caráter fugaz e eterno ao mesmo tempo, percepção amante que permite 'ver' melhor o que é. Por esta 'descida' do espírito ao coração que não é um movimento espácio-temporal, mas um ato de integração, um modo de centrar o pensamento, de cordializar a consciência, nós nos aproximamos do coração de Cristo e de seu olhar 'não julgador' sobre todos aqueles que Ele encontra".



(Jean-Yves Leloup. Escritos sobre o Hesicasmo. Ed. Vozes. p. 130-131)

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